Pronto, hoje na viagem de Coimbra até à minha Vila, que em carro particular demora cerca de 45 minutos, já tive que a fazer em mais de 1h30min por vir de autocarro. Como se não chegasse o desconforto dos bancos, as dores que eu trazia na coluna, e o sol a bater-me nos olhos semi-cerrados pelo sono e pelas olheiras de metro e meio, num autocarro de alguns 50 lugares, em que mais de 30 iam desocupados, tinham que se sentar mesmo à minha frente, as "verdadeiras personagens". Duas pessoas, uma de sexo masculino, e outra de sexo feminino, na casa dos 70 anos. Do lado da janela(do meu lado) sentou-se a senhora, do outro lado, o senhor. Mal entra no autocarro, atira-se para o lugar, e grita "Ai Manel Manel que este assento é tão baixo!". Vi logo que vinha ali coisa sossegada, que ia perfeitamente deixar-me dormir. A senhora ia muito agitada, num belo de um monólogo. O senhor apenas sorria e grunhia algo muito de vez em quando.
Olhando pela janela a senhora, falava sem dar oportunidade de resposta ao senhor, e dizia:
- "Olha uma terra tão linda de alho francês...ou é couve de nabo?"
-" Ai uma cabrinha que se soltou, passa um carro e dá uns bons bifes."
-"Ai Manel Manel".
(Isto sem o senhor dizer um único ai, e tudo de seguida.)
-"Aquela jeropiga era uma classe. Há gajos que sabem fazer as coisas!"
-"Quinta ficas lá no Hospital Manel, só tens que levar umas cuequitas e uns chinelos. Elas lá dão-te pijama e banhinho como aos bebés."
-O Manel riu a primeira vez. E ela continua o seu animado monólogo.
-"Ai Manel, quando a tua mulher for velha, diz assim para ti :"Põe a fralda, tira a fralda à hora que eu quiser( e isto cantado por ela com a música do Quim Barreiros.)
-"Eu gostava era de conhecer a mulher dele. Deve ser cá uma brasa. Mas eu também estou cada vez mais suave."
Pronto, e isto é apenas um exemplo. Continuou. Durante 1h30min ouviram-se verdadeiras pérolas, frases amorosas, sem qualquer tipo de calão ou "brejeirices".
Dormi um mimo está claro!
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