domingo, 2 de julho de 2017

Sem planos.

Não te farei grandes promessas. Na verdade, poderei fazer-te uma. Ou nenhuma. Prefiro dizer-to em vez de te mentir. Não quero fazer planos. E esse é o meu único plano. Já fui feliz. Tinha sobretudo a minha saúde. E era tão feliz sem saber. No dia em que ma roubaram, roubaram muitas das minhas certezas a longo prazo. Hoje, prefiro os passos de um bebé que ainda agora começou a caminhar. Com medo e a cambalear a ver o que é isto que a vida nos dá, Sem planos.


sexta-feira, 30 de junho de 2017

Essa rapariga não sabe.

[Achei que devia guardar isto para um dia menos bom.] Em Maio aumentou o trânsito, aumentaram os peregrinos e a peregrinação. Vi gente. Muita gente. Conduzia com mais atenção. Redobrava os cuidados. Tinha medo. Achamos que eles não devem ir desta forma ou daquela, mas apesar do caminho ser encortado pela Fé, o caminho para Fátima é longo. Passou um grupo por mim, a quem dei passagem na passadeira. Mais atrás, uma rapariga claramente cansada e a arrastar as pernas, apressou o passo como pode para aproveitar a passagem do grupo na passadeira. Ao ver o cansaço dela, quis dar-lhe coragem para ganhar esperança na continuação do caminho. Sorri o máximo que consegui. Até com os olhos. Mostrando a recepção do sorriso e da força, sorriu com uns olhos doces e iluminados e apressou energicamente o passo para o caminho que escolhera.
Essa rapariga não sabe, Mas foi o despertador da Minha vida nesse dia. E hoje, só precisava de um despertador tão humano e coerente como este para me alinhavar afinal o caminho certo.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

[O colo da mãe.]

Dá-me colo mãe. Dá-me o colo das certezas. Sabes da fragilidade do meu sono mesmo com os químicos rotineiros. Adormeci deitada por ti. Numa felicidade que ainda tenho oportunidade de sentir e sentir muitas vezes. Acordei agitada. É companheiro de noitadas o telefone. Peguei, passou o tempo, passei os olhos. Por tudo. Tudo indicava tragédia. Li as notícias. Vi os mortos. Um sem número de gente e de histórias perdidas. Senti-me pequenina. Senti-me diminuta. Tive vontade de chamar por ti e de te pedir colo. O colo de mãe, pode tudo. Cura tudo. Tinha esperança que pudesses ainda desapertar o no do peito.
Mas por incrivel que pareça e custa a querer, que desta vez, nem o colo da mãe desaperta o no do mal que se apoderou de tantas histórias cheias de sonhos como as de cada um de nós. Continua a deitar-me mãe, seja o sono qual for, o maior Sonho é viver.